Ufopa comemora 15 anos na formação acadêmica gratuita e de qualidade na Amazônia

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Ao longo de uma década e meia, a universidade atinge a marca de quase nove mil egressos. Mais investimentos em infraestrutura e recursos humanos, além da criação de novos cursos e campi, ampliará em mais de três mil a oferta de vagas para o Oeste do Pará.

Produzir e socializar conhecimentos, contribuindo para a cidadania, a inovação e o desenvolvimento na Amazônia. Essa é a missão da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), que completa 15 anos nesta terça-feira, 5 de novembro de 2024. Para comemorar a data, a Universidade inaugura hoje o primeiro prédio do novo Campus Monte Alegre, obra no valor de R$ 5.627.318,00. Outras atividades e eventos alusivos ao aniversário ocorrerão a partir da próxima segunda-feira, 11 de novembro, com destaque para as solenidades oficiais e corte do bolo, marcando também o início do segundo semestre letivo de 2024.

Criada pela Lei nº 12.085, de 5 de novembro de 2009, a Ufopa é a primeira instituição federal de ensino superior com sede num dos pontos mais estratégicos da Amazônia, o município de Santarém, terceira maior cidade do estado do Pará, mundialmente conhecida por suas belezas naturais, com destaque para o encontro das águas dos rios Tapajós e Amazonas. A criação da Ufopa faz parte do programa de expansão das universidades federais e é fruto de um acordo de cooperação técnica firmado entre o Ministério da Educação (MEC) e a Universidade Federal do Pará (UFPA), que previa a ampliação do ensino superior na região amazônica.

“A Ufopa é um marco para a região amazônica como um todo, por ser a primeira universidade pública com sede no interior da Amazônia. Esses 15 anos de implantação têm contribuído em vários aspectos. No aspecto econômico, se fossemos um município, a nossa universidade teria o quinto maior orçamento do estado; são recursos que passaram a vir para o Oeste do Pará, fruto desse investimento público federal que é a universidade”, afirma a reitora da Ufopa, Aldenize Ruela Xavier.

Também para a vice-reitora da Ufopa, Solange Ximenes, a criação da Ufopa constitui o principal investimento público do governo federal na região amazônica nos últimos 15 anos: “A nossa compreensão é de que, de fato, isso é uma realidade, porque a Ufopa é mais do que um bem material, como uma ponte, uma estrada. Ela é um grande investimento na formação qualificada de recursos humanos que oportuniza uma conexão real que se estabelece com a comunidade, com os saberes dos povos amazônidas, com o bioma amazônico”.


Aldenize Xavier, reitora da Ufopa, e Solange Ximenes, vice-reitora.
Foto: Maria Lúcia Morais, Ascom/Ufopa

Instituição pública de ensino superior gratuita, a Ufopa conseguiu formar, ao longo de uma década e meia, quase nove mil egressos, sendo 7.932 profissionais graduados e mais de mil pós-graduados, o que a torna referência em formação acadêmica de qualidade, assim como de pesquisa, extensão e inovação no coração da Amazônia. Hoje, a universidade conta com um contingente de 8.663 alunos de graduação, a maioria oriunda de escolas públicas da região, e de 1.287 da pós-graduação. Outro destaque é o ingresso anual de estudantes indígenas e quilombolas por meio de processos seletivos especiais.

“A implantação da nossa universidade veio trazer uma série de oportunidades para os nossos jovens, tanto em termos de graduação quanto de pós-graduação. No aspecto social, conseguimos ampliar muito a oferta de vagas. Quando éramos campus da Universidade Federal do Pará (UFPA) e também uma unidade descentralizada da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), recebíamos, por ano, em Santarém, cerca de 300 alunos. Agora, recebemos mais de 1.400 alunos por ano. Houve uma ampliação de vagas muito significativa, que dá oportunidade de uma educação gratuita e de qualidade à população da região”, ressalta a reitora.


Ufopa formou quase nove mil alunos em 15 anos.
Foto: Maria Lúcia Morais, Ascom/Ufopa

Hoje, mais de 20 milhões de reais são investidos anualmente no pagamento de bolsas de auxílio estudantil para alunos de baixa renda, por meio da Política Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), que visa a garantir a permanência em instituições federais de ensino superior. “São recursos que os alunos utilizam para pagar aluguel, alimentação, transporte, material escolar e outras necessidades básicas. Esse recurso acaba sendo distribuído para toda a área de abrangência da universidade, configurando assim um impacto muito positivo para o Oeste do Pará”, afirma o pró-reitor de Gestão Estudantil (Proges), Luamim Sales Tapajós.

“A gente constata quanto a universidade vem transformando a sociedade, seja pela formação dos estudantes, serviços realizados na região, mas também pelos recursos diretamente injetados na economia local, pois sabemos que o dinheiro recebido pelos estudantes vai ficar na região”, afirma o pró-reitor.

Infraestrutura – Em Santarém, a Ufopa está estruturada em sete institutos temáticos: Instituto de Ciências da Educação (Iced)Instituto de Engenharia e Geociências (IEG)Instituto de Biodiversidade e Florestas (Ibef)Instituto de Ciências da Sociedade (ICS)Instituto de Ciências e Tecnologia das Águas (ICTA)Instituto de Saúde Coletiva (Isco) e Instituto de Formação Interdisciplinar e Intercultural (IFII). Multicampi, a universidade também possui seis campi fora da sede, situados em AlenquerItaitubaJurutiMonte AlegreÓbidos e Oriximiná.

A área de abrangência da universidade, que envolve uma ampla população de povos e comunidades tradicionais, é composta por 21 municípios paraenses: Santarém (sede), Alenquer, Itaituba, Juruti, Monte Alegre, Oriximiná, Óbidos, Almeirim, Aveiro, Belterra, Curuá, Faro, Jacareacanga, Novo Progresso, Mojuí dos Campos, Placas, Prainha, Rurópolis, Terra Santa, Trairão e Uruará. Sua área de abrangência possui população total estimada de 1.065.274 habitantes, o que corresponde a 12,8% da população do Pará, segundo o IBGE (2022).

Com recursos do novo Programa de Aceleramento de Crescimento da Educação (PAC Expansão), do governo federal, a Ufopa pretende dar início, já em 2025, à construção do Campus Rurópolis, município com pouco mais de 50 mil habitantes, cortado pelas rodovias Transamazônica (BR 230) e Santarém–Cuiabá (BR 163). Situado a 220 km de distância de Santarém, Rurópolis já conta com um núcleo da Ufopa, onde está em andamento a primeira turma do curso de Agronomia, por meio do Programa Forma Pará. Uma audiência pública foi realizada em outubro deste ano para ouvir a população local sobre as demandas de criação de novos cursos.

Ainda com recursos do PAC, também estão previstas a ampliação e a consolidação dos campi de Oriximiná e Óbidos, além da conclusão do Bloco Modular Tapajós, em Santarém. “Estamos com as licitações dos campi de Oriximiná e de Óbidos em andamento e, em fase avançada, o processo de planejamento para construção do Campus Rurópolis, o mais novo campus da universidade”, esclarece a reitora. “Nos próximos anos, vamos receber mais de 100 milhões de reais para investimento em obras, ampliando assim a oferta em mais de três mil vagas”.

“Hoje estamos com a terceira etapa do Bloco Modular Tapajós em andamento e vamos inaugurar o novo Campus Monte Alegre. Na sede, vamos entregar também o Núcleo de Salas de Aulas, já concluído, além de outros espaços importantes para a comunidade acadêmica, como mais um laboratório de informática e um espaço para acolhida das mães. Também já iniciamos as tratativas com o Ministério da Educação para a construção da quarta etapa do Bloco Modular Tapajós e de um galpão de laboratórios que pretendemos licitar para o próximo ano. São investimentos importantes para consolidar a universidade na nossa região”, afirma Aldenize Xavier.

Segundo a reitora, também está prevista a realização de novos concursos para docentes e técnicos, totalizando 200 vagas. “Vamos fazer uma série de concursos públicos e lançar editais ainda este ano e no próximo, visando a consolidar os nossos cursos já existentes e também ampliar a oferta de novos cursos. Para os próximos concursos, estamos com um planejamento muito alinhado com o Ministério da Educação (MEC), sempre muito presente nessas articulações e nos dando também a segurança para termos tanto investimento de capital quanto em recursos humanos. Por isso, acredito que nos próximos anos, a universidade vai ampliar bastante a sua infraestrutura e oferta de vagas”, comemora a reitora.

Graduação – A Ufopa possui hoje 44 cursos regulares de graduação, entre licenciaturas e bacharelados, além de 23 cursos de pós-graduação, sendo 18 mestrados e cinco doutorados – dois institucionais e três em rede. A instituição oferta ainda diversos cursos de graduação em parceria com o Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor), Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) e Programa de Educação e Formação Superior Forma Pará, do governo do estado.

A instituição é pioneira no país na utilização da nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como único critério de ingresso no seu Processo Seletivo Regular, já em 2011, fato que ocorre até hoje. A universidade também foi uma das primeiras no país a utilizar, em sua totalidade, a  Lei das Cotas, criada em 2012, destinando 50% de vagas para alunos oriundos de escolas públicas já a partir do processo seletivo de 2013.

A universidade também promove, anualmente, dois processos seletivos especiais: um voltado exclusivamente para populações indígenas e outro para comunidades quilombolas. Atualmente a Universidade possui 8.663 alunos de graduação, sendo 5.880 regularmente matriculados no último semestre. Cerca de 85% dos alunos ingressantes na instituição são oriundos de escolas públicas.

Ao longo de 15 anos, os cursos de graduação da Ufopa apresentam um processo contínuo de melhoria da qualidade de ensino, o que vem sendo refletido nas avaliações do Ministério da Educação (MEC). Um bom exemplo é o Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Ambientais, vinculado ao Instituto de Formação Interdisciplinar e Intercultural (IFII), que acaba de obter nota máxima para reconhecimento de curso.

Outros cursos avaliados recentemente obtiveram nota quatro para renovação de reconhecimento, como o Bacharelado Interdisciplinar em Saúde do Instituto de Saúde Coletiva (Isco); o Bacharelado em Ciências Biológicas do Instituto de Ciências e Tecnologia das Águas (ICTA); e os bacharelados em Geologia e Engenharia Mecânica, ambos vinculados ao Instituto de Engenharia e Geociências (IEG).

A avaliação do MEC para o reconhecimento ou renovação de reconhecimento de curso utiliza escala numérica de 1 a 5 para analisar três dimensões básicas: organização didático-pedagógica; corpo docente e tutorial; e infraestrutura. A avaliação do MEC é feita por meio do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), sendo composta pelo Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), pela avaliação de cursos de graduação e pela avaliação institucional, que é realizada in loco por avaliadores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

“Todas as avaliações que recebemos em 2024 foram com excelentes notas, 4 e 5, e isso vem acontecendo há algum tempo. Desde 2022 a gente já vem com um processo de melhoria contínua e as avaliações do MEC refletem isso”, afirma a pró-reitora de Ensino de Graduação (Proen), Carla Marina Costa Paxiuba.

Segundo a pró-reitora, a melhoria da infraestrutura da universidade e a capacitação do corpo docente contribuíram nesse processo. “Hoje temos em nosso quadro docente a maioria de doutores, e a nossa infraestrutura, em constante evolução, faz com que as nossas notas melhorem bastante. Além disso, as nossas práticas pedagógicas, permeadas pelos conceitos de interculturalidade e interdisciplinaridade, de fato sendo aplicados nos cursos de graduação, faz com que eles estejam nesse processo de melhoria, o que está sendo percebido pelas avaliações do MEC”, afirma.

“Estamos no processo de implantação do curso de Medicina, com o primeiro processo seletivo para o ano de 2025. Além deste, há vários grupos trabalhando em projetos pedagógicos de novos cursos, como o de Comunicação Social e o de Turismo. Também já recebemos a proposta da criação do curso de Agronomia em Monte Alegre e do curso de Licenciatura Intercultural Indígena. O nosso grande desafio é crescer, mantendo a nossa qualidade, que já vem sendo bem avaliada”, afirma a pró-reitora.

Pesquisa – Na pós-graduação, a Ufopa conta com o quantitativo de 1.050 egressos, contribuindo assim para a formação de recursos humanos qualificados para o Oeste do Pará. Atualmente, a instituição possui 670 discentes regularmente matriculados em 23 cursos de pós-graduação, sendo 18 mestrados e cinco doutorados – dois institucionais e três em rede. De acordo com o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), a meta é a criação de 14 novos programas de pós-graduação até 2031.

“Nós últimos quatro anos, ampliamos em 30% a oferta de cursos de pós-graduação, todos gratuitos, e isso acaba acarretando na formação de recursos humanos qualificados para a nossa região”, afirma Kelly Christina Ferreira Castro, pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação Tecnológica (Proppit). “Na consolidação da pós-graduação, também temos visto uma integração maior e efetiva dos nossos programas na organização interna dos seus cursos”.

Recentemente, dois novos programas de pós-graduação foram aprovados pela Capes: o Mestrado Acadêmico em Computação, que visa à formação de pesquisadores na área da Computação aplicada, com potencial para pesquisa, docência e inovação; e o Mestrado em Ciência, Tecnologia e Inovação Florestal, que objetiva formar recursos humanos com sólida base técnico-científica para o setor florestal.

Vinculado ao Instituto de Engenharia e Geociências (IEG), o Programa de Pós-Graduação em Computação (PPGC) ofertará, por meio de processo seletivo, 15 vagas anuais, com primeira turma prevista já para 2025. O programa tem como área de concentração a Computação aplicada, sendo composto por duas linhas de pesquisa: Inteligência Artificial e Sistemas de Suporte à Decisão; e Gestão do Conhecimento e Inovação Tecnológica.

Vinculado ao Instituto de Biodiversidade e Florestas (Ibef), o Mestrado em Ciência, Tecnologia e Inovação Florestal busca ampliar a capacitação dos bacharéis formados em cursos de graduação correlatos à área florestal, de modo a gerar conhecimentos nas áreas de manejo de florestas nativas e de produção, silvicultura e sistemas agroflorestais, tecnologia de produtos madeireiros e não madeireiros, desenvolvimento de bioprodutos florestais, inovação e recuperação de áreas degradadas. O programa tem duas linhas de pesquisa: Manejo de Produtos Florestais e Produtos e Inovação Florestal.

Outro fato relevante é a existência de 89 grupos de pesquisas vinculados aos cursos de pós-graduação. “A Ufopa tem avançado na pesquisa e na pós-graduação, pois quando a gente fala de pesquisa, intrinsecamente estamos falando de pós-graduação”, esclarece. “Nossos professores têm participado mais ativamente dos editais de fomento à pesquisa externos à Ufopa e têm conseguido várias aprovações”.

Segundo Kelly Castro, a Ufopa tem sido aprovada principalmente em editais voltados à pesquisa de qualidade dentro da pós-graduação em agências de fomento como a Finep, Capes e CNPq. “Os professores têm-se qualificado cada vez mais para conseguir êxito nas propostas que são submetidas. A gente tem visto também a ampliação do número de bolsas. Esse diálogo com os órgãos de fomento tem sido muito de perto e isso tem auxiliado esse avanço”.

A Ufopa conta hoje com a oferta de 181 bolsas de iniciação científica e 104 bolsas voltadas para alunos da pós-graduação, sendo 68 de mestrado e 36 de doutorado, de diferentes agências de fomento, como CNPq, Capes e Fapespa. Segundo Kelly Castro, a Ufopa também promoveu um significativo aumento do número de bolsas de produtividade para seus professores. “Até 2023 tínhamos apenas 11 bolsas de incentivo à produtividade, e hoje temos 21 bolsistas, quase que o dobro, com recursos institucionais”, explica.

Para a pró-reitora, um dos desafios é o aumento dos conceitos dos cursos na próxima avaliação da Capes. “Esse ainda é um grande desafio, porque precisamos melhorar no conceito frente à Capes. Mas acredito que com os recursos que já conseguimos vamos dar um salto muito grande para essa próxima avaliação. Estamos muito confiantes de que teremos cursos bem avaliados nessa próxima quadrienal da Capes”.

Maria Lúcia Morais – Ascom/Ufopa