‘Dama de ferro japonesa’, ex-baterista de heavy metal: quem é Sanae Takaichi, 1ª premiê mulher da história do Japão

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Sanae Takaichi, ao centro, líder do governante Partido Liberal Democrata, e outros parlamentares participam da sessão extraordinária da Câmara Baixa, em Tóquio, Japão, nesta terça-feira, 21 de outubro de 2025 — Foto: AP Photo/Eugene Hoshiko 

Takaichi substituirá o primeiro-ministro Shigeru Ishiba, encerrando um vácuo político de três meses e uma intensa disputa interna desde a derrota eleitoral do Partido Liberal Democrata em julho.

A conservadora japonesa Sanae Takaichi vinha repetindo nos últimos anos que gostaria de se tornar “a dama de ferro do Japão”, em referência à ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, de quem se diz fã.

A partir de agora, ela poderá colocar seu desejo em prática: nesta terça-feira (21), Takaichi, uma política de longa data da direita japonesa, austera e que também já foi baterista de heavy metal, se tornou primeira-ministra do Japão.

Takaichi virou também a primeira chefe de governo mulher na história de um país que se destaca pouco em avanços na igualdade de gênero a ocupar o cargo.

Mas o título não parece lhe preocupar muito

Representante da ala mais à direita do Partido Liberal Democrata (PLD), Takaichi disse que não pretende fazer muito para que seu país deixe de ser dos menos avançados em políticas de gênero entre as nações desenvolvidas.

Nesta terça, em seu primeiro discurso após se tornar premiê, disse que a questão não está na primeira linha de sua agenda política.

Embora já tenha sido ministra de Economia, Assuntos Internos e Igualdade de Gênero, ela também se posicionou assim ao longo de sua vida política, na qual entrou há mais de 30 anos — o que também pode ter sido uma forma de sobreviver em um meio no qual mulheres que debatiam questões de gênero eram deixadas para trás (leia mais abaixo).

Em 1993, Takaishi foi eleita deputada no Parlamento de sua cidade natal, Nara, município perto da famosa Quito na região central do Japão.

Depois, ocupou cargos importantes dentro do PLD e nos governos dos ex-premiês Shinzo Abe — que morreu em 2022 vítima de um atentado — e Fumio Kishida, incluindo o de ministra da Segurança Econômica, Assuntos Internos e Igualdade de Gênero.

Como seus antecessores, Takaichi, admiradora de Margaret Tatcher, tem um perfil austero e conservador. Assim com a ex-premiê britânica, que governou o Reino Unido com linha dura durante três mandatos e se tornou uma das líderes mais influentes do século XX, a japonesa pretende ganhar notoriedade por uma postura forte e políticas marcantes no país oriental.

Ela defende um Exército mais forte, mais gastos fiscais para o crescimento, promoção da fusão nuclear do Japão e políticas mais rígidas em relação à imigração.

Heavy metal e moto

A primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi, toca bateria em imagem de arquivo. Ela já integrou uma banda de heavy metal. — Foto: Sanae Takaichi/ Redes sociais
A primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi, toca bateria em imagem de arquivo. Ela já integrou uma banda de heavy metal. — Foto: Sanae Takaichi/ Redes sociais

Takaichi é conhecida por ser uma trabalhadora esforçada. E em todas as áreas que atua: quando estudante, ela era baterista de uma banda de heavy metal e pilotava motocicleta.

Ela diz ser uma “workaholic” que prefere trabalhar em casa a sair e socializar. Mas, após duas tentativas frustradas de liderar o LDP no passado, ela afirma ter se esforçado para construir mais conexões com os colegas.

Nesta terça, ela pediu a todos os parlamentares do partido que “trabalhem como um cavalo”.

“Abandonarei a expressão ‘equilíbrio entre vida pessoal e profissional’. Trabalharei, trabalharei, trabalharei e trabalharei”, disse ela em uma falaque geraram fortes reações entre internautas japoneses.

Sanae Takaichi, em imagem de arquivo, com motocicleta que pilotava na juventude. — Foto: Arquivo Pessoal
Sanae Takaichi, em imagem de arquivo, com motocicleta que pilotava na juventude. — Foto: Arquivo Pessoal

Luta para se manter entre ambiente dominado por homens

Parlamentares mulheres do LDP frequentemente foram preteridas para cargos ministeriais ou deixadas de lado se falassem sobre diversidade e igualdade de gênero. As mulheres ocupam apenas cerca de 15% das cadeiras na Câmara Baixa do Japão, a mais poderosa das duas câmaras parlamentares. Apenas duas das 47 governadoras de províncias do Japão são mulheres.

Takaichi evitou falar sobre questões de gênero no passado, mantendo visões antiquadas defendidas pelos pesos pesados do partido masculino.

Ela havia prometido aumentar significativamente o número de mulheres em seu governo, mas nomeou apenas duas ministras e uma terceira mulher como uma de suas três assessoras especiais.

Ela apoia a sucessão exclusivamente masculina da família imperial e se opõe tanto ao casamento entre pessoas do mesmo sexo quanto à emenda à lei do século XIX que exige que casais tenham o mesmo sobrenome.

“As políticas da Sra. Takaichi são extremamente agressivas, e duvido que ela consideraria políticas que reconhecessem a diversidade”, disse Chiyako Sato, comentarista política e redatora sênior do jornal Mainichi.

Takaichi apoiou o apoio financeiro à saúde da mulher e ao tratamento de fertilidade como parte da política do PLD de fazer com que as mulheres cumpram seus papéis tradicionais de boas mães e esposas.

Mas ela também reconheceu suas dificuldades com os sintomas da menopausa e enfatizou a necessidade de educar os homens sobre a saúde feminina para ajudar as mulheres na escola e no trabalho.

Visões de extrema direita da primeira-ministra sobre história e segurança

Espera-se que Takaichi mova o governo para a direita, especialmente após formar uma aliança com o Partido da Inovação do Japão, de direita, ou Ishin no Kai. O parceiro anterior, o moderado Komeito, apoiado por budistas, deixou a coalizão em protesto contra as visões ultraconservadoras de Takaichi.

Ela resistiu a reconhecer as agressões e atrocidades japonesas durante a guerra e negou que tenha havido uso de coerção contra trabalhadores coreanos e mulheres mantidas como escravas sexuais pelas tropas japonesas. Ela participou de uma campanha para remover referências à escravidão sexual durante a guerra dos livros escolares.

Suas visões revisionistas podem complicar os laços com Pequim e Seul, dizem analistas. Na semana passada, aparentemente para evitar tensões, Takaichi enviou um ornamento religioso para marcar o festival de outono de Yasukuni, em vez de visitar o santuário pessoalmente.

Ela disse que planeja manter laços estáveis com a China e fortalecer ainda mais a parceria de segurança com a Coreia do Sul.

Uma defensora da China, ela frequenta o Santuário Yasukuni, visto pela China, pelas duas Coreias e por outras vítimas asiáticas da agressão japonesa na Segunda Guerra Mundial como um lugar que glorifica o passado de guerra do país.

“Agora que o PLD tem sua primeira presidente mulher, o cenário mudará um pouco.”

Uma defensora da China, ela é frequentadora assídua do Santuário Yasukuni, visto pela China, pelas duas Coreias e por outras vítimas asiáticas da agressão japonesa na Segunda Guerra Mundial como um lugar que glorifica o passado de guerra do país.

Economia

O desafio agora será como a nova premiê vai fazer frente ao aumento expressivo no custo de vida dos japoneses. A expectativa é que ela lance mão de um pacote de austeridade para estabilizar a economia do Japão, a quarta maior do mundo.

Mas as medidas devem também encarecer ainda mais a vida das pessoas.

Takaichi, de 64 anos, foi eleita líder do enfraquecido Partido Liberal Democrata (PLD) no início de outubro. Agora, ela substitui o ex-premiê Shigeru Ishiba, que foi forçado a renunciar após duas derrotas eleitorais desastrosas.

A recém-eleita líder do Partido Liberal Democrata (PLD), Sanae Takaichi, comemora após vencer a eleição para a liderança do PLD em Tóquio, Japão, em 4 de outubro de 2025. — Foto: Kim Kyung-Hoon/Pool/REUTERS
A recém-eleita líder do Partido Liberal Democrata (PLD), Sanae Takaichi, comemora após vencer a eleição para a liderança do PLD em Tóquio, Japão, em 4 de outubro de 2025. — Foto: Kim Kyung-Hoon/Pool/REUTERS

Fonte: Fonte: g1  e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 21/10/2025/13:17:09

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