Exame pós-morte de agente prisional é negativo para Covid-19; ‘O Márcio morreu por negligência médica’, diz companheira

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Iri Gonzaga e Márcio Pinto, uma história de amor interrompida pela morte do agente prisional — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Márcio Pinto da Silva morreu no dia 19 de abril após três agravamento da falta de ar que o levou por três vezes à UPA 24h.

Saiu no sábado (25) o resultado do exame pós-morte do agente prisional Márcio Pinto da Silva: negativo para Covid-19. Márcio morreu no dia 19 de abril após agravamento do quadro de falta de ar que vinha apresentando há alguns dias e que o levou por três vezes à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24h, em Santarém, oeste do Pará. Para Iri Gonzaga, companheira de Márcio, ele foi vítima de negligência médica.

Segundo Iri, Márcio deu entrada na UPA na segunda-feira (13) com falta de ar. Na terça-feira (14), retornou à UPA e nas duas vezes foi dito que ele estava com pneumonia, mas sem nenhum exame de imagem, foi usado apenas o estetoscópio para examiná-lo. A médica que o atendeu naquele dia orientou que ele continuasse a fazer inalação como havia indicado a primeira médica. A última vez que Márcio foi à UPA foi no domingo (19). O quadro se agravou e ele morreu.

“A gente não sabe o que ele tinha, mas a gente sabe que ele não foi cuidado como deveria. E nós não tivemos a oportunidade de fazer nenhuma homenagem. E depois de uma semana da morte dele a gente recebe o resultado negativo para Covid-19”, disse Iri.

Iri disse ainda que a médica perguntou se Márcio tinha aparelho de inalação, ele disse que não. A médica então teria orientado o agente prisional a procurar a UBS da Nova República para fazer inalação quando tivesse com falta de ar. Márcio também chegou a fazer inalação até na farmácia.

“Fizemos inalação, mas nunca foi feito um exame no Márcio, um Raio-X ou uma tomografia. E depois que ele morreu eu recebi a declaração de óbito com a causa da morte de suspeita de Covid-19, o que pra mim foi um espanto, porque ele não teve febre, não sentiu dor de garganta, ele tinha um tosse crônica, e nós já tínhamos informado que ele era agente prisional e tinha asma, mesmo assim, fizeram pouco caso disso. O Márcio morreu realmente por negligência médica”, disse Iri.
morre por covid.2Márcio Pinto seguiu recomendação de fazer inalações no posto de saúde — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Márcio estava afastado das funções de agente prisional desde o dia 14 de abril, por recomendação médica. Iri questiona também o fato de ter sido recomendado o isolamento e mesmo assim, Márcio ter sido orientado a procurar uma UBS caso precisasse de inalação.

“Eu nunca vi uma pessoa que está em isolamento ter que ir a um posto de saúde, onde vai encontrar várias pessoas doentes, idosos, cardiopatas, diabéticos”, observou Iri.

Teste rápido

Após a morte de Márcio, Iri foi orientada a se submeter a exames na UPA 24h e passou por teste rápido de coronavírus que também deu negativo. Mesmo assim, ela segue em isolamento e ainda tenta se recuperar da perda do companheiro.

Iri foi à UPA por duas vezes após a morte do Márcio, porque ficou muito abatida e com o psicológico abalado. No primeiro atendimento foi solicitado hemograma e Raio-X. Segundo ela, no Raio-X apareceu algo que o médico não soube descrever, mas prescreveu azitromicina e orientou isolamento.

Preocupada com o Raio-X, Iri pediu ao médico para fazer uma tomografia e ele autorizou. A tomografia foi feita no domingo, e Iri ainda aguarda o resultado.

“Todos os exames que fiz o Márcio não teve oportunidade de fazer. E pra minha surpresa na minha ficha estava observado: companheira do Márcio Pinto, falecido na UPA. O que essa informação vai influenciar no atendimento? Quer dizer que iam me tratar diferente? Questionou Iri e completou, ‘fui para a mesma sala que os demais pacientes com suspeita de Covid-19 foram. A diferença é que pra mim solicitaram os exames que pro Márcio não fizeram”.

Mais de uma semana após a morte do companheiro, Iri está fazendo uso de calmante para conseguir dormir.

O G1 fez contato com a UPA 24H, via assessoria de imprensa para saber como foi o protocolo de atendimento do agente prisional Márcio Pinto, mas até a publicação desta reportagem não havia obtido resposta.

Por Sílvia Vieira, G1 Santarém — PA

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