Confira nomes de todos os militares e empresários, alvos da operação Cobiça, que tiveram prisões decretadas e buscas e apreensões autorizadas pela Justiça Federal no Pará

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Foto: Reprodução | A suspeita é que policiais militares, lotados em Itaituba, participam de organização criminosa na cadeia produtiva do ouro ilegalmente.

O juiz federal Juiz Federal Carlos Gustavo Chada Chaves, da 4ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Pará, decretou a prisão preventiva, para garantia da ordem pública e para garantia da aplicação da lei penal do coronel Pedro Paulo de Oliveira Coelho, comandante do Comando Regional da PM em Itaituba, do tenente coronel Jorge Neves Campos, comandante do 15º Batalhão de Polícia Militar, com sede em Itaituba, e os empresários Márcio Macedo Sobrinho e Domingos Dadalto Zoboli, ambos da empresa Gana Gold.

Foi expedido mandado de prisão, também, em desfavor de Gilson Spier.

Tiveram busca e apreensão em suas residências, além de Pedro e Campos, o major Jarlisson, o capitão Scalabrin, e os sargentos Mendes, Vinícius, Jackson e Carneiro, além do cabo Sales, todos em Itaituba.

Nesta quinta-feira, a Polícia Federal deflagrou a operação Cobiça para desmantelar um esquema de garimpo ilegal na região do Tapajós, no Pará, que contava supostamente com o apoio logístico e a segurança de oficiais da Polícia Militar do Pará (PM-PA). Um coronel e um tenente-coronel da corporação – chefes de batalhões de Itaituba (PA) – e dois empresários foram presos preventivamente. A PF também cumpriu mandados de busca e apreensão contra outros sete policiais, entre eles um major, um capitão, três sargentos e um cabo.

“Há um aparente desvio de policiais para atividades privadas da GANA GOLD MINERAÇÃO LTDA. (empresa investigada), a ponto de deixar um posto de patrulhamento com apenas três meganhas. Nota-se que até mesmo uma viatura estaria à disposição da empresa, caso ela não dispusesse de motorista particular que possa retirar o ‘material’ na entrada do São Domingos”, diz a decisão judicial, obtida pelo PortAl OESTADONET, que autorizou a operação.

Dono da Gana Gold e alvo de prisão preventiva, Marcio Macedo chega a conversar com um sócio sobre o pagamento a militares em mensagens interceptadas pela PF. “Eles deixam alguém para dar apoio dentro da mina, pagamento. Quantos policiais estão aí hoje?”, diz ele ao seu parceiro. Nomes de policiais também aparecem em planilhas de folhas de pagamento apreendidas pelos investigadores.

“A análise das mensagens (…) constatou que os gastos da operação irregular do empreendimento GANA GOLD, mais especificamente relacionados a mina de Itaituba, tinha todos os gastos planilhados e organizados, na qual surge o núcleo policial da ORCRIM, com pagamentos periódicos a membros da Polícia Militar do Estado do Pará, no intuito de garantir a impunidade dos crimes ali cometidos”, diz a representação do Ministério Público Federal.

Segundo o relatório da PF, os oficiais recebiam uma mesada da organização criminosa para ajudar no transporte e segurança do ouro ilegal e fazer vista grossa aos crimes ambientais. Os investigadores apontaram até o uso de uma viatura para retirar “o material” da estrada na região da Rodovia Transgarimpeira.

Para embasar sua decisão, o juiz federal Carlos Gustavo Chada Chaves considerou que a “Polícia Federal conseguiu reunir provas suficientes de transferências de dinheiro feitas por mineradoras para policiais militares e pessoas a eles próximas, o que pode consubstanciar método de funcionamento de organização criminosa voltada à exploração irregular de minérios. A arrecadação de documentos, computadores ou celulares tem o potencial de descortinar o modus operandi do bando, delimitando a forma de contribuição de meganhas no garimpo na região de Itaituba/PA. Poderá, em teoria, trazer ao conhecimento das autoridades novas planilhas de pagamentos e documentos bancários que confirmem o enriquecimento ilícito dos envolvidos, além de demais meios de prova úteis ao deslinde do caso”.

O juiz federal determinou a remoção de 35 policiais militares, que ficam impedidos imediatamente de exercerem seus ofícios militares no 15º Batalhão de Polícia Militar, na 7ª Companhia Independente de Polícia Militar e na 17ª Companhia Independente de Polícia Militar, bem como da sede do Comando de Policiamento Regional X. O magistrado determinou que, se o Comando Militar tiver interesse, transferi-los para unidades militares distantes pelo menos 100km das unidades militares com sede no município de Itaituba.

Foram expedidos mandados de busca e apreensão em desfavor dos seguintes alvos:

Comando de Policiamento Regional X da Polícia Militar – CPR X , Domingos Dadalto Zoboli , Márcio Macedo Sobrinho, Pedro Paulo de Oliveira Coelho, Alessandra de Aguiar Prado, Jorge Neves de Campos, João Altevi do Prado, Gilson Spier, Iasmim Kymberli Sousa de Mira, Jarlisson Rebelo Gonçalves, Antônio Edideus Sousa Pontes, Marcelo da Conceição Carneiro, Roberto Scalabrini Lira, Jefferson Carvalho Barros, Reldicy Darling Mendes da Silva, Otacy da Silva Cardoso, Josiel batista Dias, Sidney Braga de Sales, Milton Façanha da Costa Junior, Renato Coelho Figueira, Handerson Vinnicius Barros Jennings, Dioylliam Jekcisson da Silva e Wanderson Melo Carvalho.

Durante a operação de cumprimento dos mandados, a Polícia Federal foi autorizada a apreender “documentos, anotações, contratos, extratos bancários, agendas e registros contábeis, registros de imóveis, além de mídias de armazenamento de dados e computadores que possam demonstrar o envolvimento destes, bem como a identificação precisa de todo o patrimônio adquirido com dinheiro ilícito, sobretudo aqueles registrados em nome de terceiros, além de comprovantes de depósito bancários, visando identificar todas as contas utilizadas pelo grupo para movimentar toda a parte financeira da organização. Autoriza-se ainda a apreensão de veículos adquiridos com dinheiro ilegal, utilizados, inclusive, como forma de ocultar a origem ilícita destes valores”.

No dia 30 de julho de 2022, o juiz federal Pablo Zuniga Dourado havia mandado soltar o garimpeiro Marcio Macedo Sobrinho, apontado pela Polícia Federal (PF) como um dos mentores intelectuais de esquema de extração e comércio ilegais de ouro no Pará. A decisão, é datada de 29 de julho.

O empresário foi preso no início de junho daquele ano, no âmbito da Operação Ganância, que investiga extração e comércio ilegais de ouro, lavagem de dinheiro, corrupção e organização criminosa.

Márcio é um experiente garimpeiro do Pará, segundo a PF. Ele é sócio da Gana Gold e esbanjava uma vida de luxo com o dinheiro do garimpo ilegal, com mansão, helicópteros e lanchas. O grupo, encabeçado por Marcio Macedo, movimentou mais de R$ 16 bilhões entre 2019 e 2021, e chegou a criar até mesmo uma criptomoeda para lavar dinheiro.

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Fonte: Portal O Estado Net e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 28/11/2024/17:31:57

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