Pará registra o maior número de quilombolas infectados por Covid-19 no Brasil

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Pará é o segundo do país em registro de morte de quilombolas na pandemia — Foto: Conaq

Estado concentra 36% dos contaminados e 35 mortos por Covid-19 entre moradores de comunidades remanescentes de quilombolas.

O Pará é o estado do país com maior número de casos de Covid-19 entre quilombolas. Segundo levantamento Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) divulgado nesta segunda-feira (6), o estado concentra 36% dos doentes. No Brasil, são 2.590 quilombolas com o novo coronavírus. O Pará é o segundo em número de mortos pela doença: 35.

A região Norte do Brasil concentra 39,9% do total de pessoas contaminadas, relacionadas no levantamento autônomo da Conaq, seguida pelas Regiões Sudeste e Nordeste com 33,7% e 26,01 %, respectivamente.

O Pará tem 528 comunidades quilombolas. São cerca de 400 mil de pessoas que têm enfrentado a pandemia em meio ao descaso do poder público. No Amapá, a situação também é alarmante. O estado é terceiro em número de mortos, com 16 óbitos de quilombolas por Covid-19.

Pará, Rio de Janeiro e Maranhão são os estados com o maior número de quilombolas infectados. Os três somam juntos, 90,7% do total de casos confirmados entre os 20 Estados. “Já vivíamos em situação de falta de políticas públicas onde a saúde, principalmente, já era caótica. Com a chegada da Covid-19 a situação piorou de forma que o sofrimento tem sido imenso entre nós”, relato Magno Nascimento – coordenador a Malungu-PA.

Sem dados oficiais

O acompanhamento da pandemia é feito mediante esforço dos próprios quilombolas. Ministério Público não dispõe de levantamento oficial sobre o avanço da doença nas comunidades.

A pesquisa é realizada por telefone e o acompanhamento dos dados é realizado com o auxílio de uma rede de voluntários que incluem advogados, médicos, enfermeiros e outros profissionais. Segundo o Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), a pesquisa ainda conta com apoio da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).

“O monitoramento é feito por meio de telefone e WhatsApp. Temos a regional do Baixo Amazonas, do Marajó, Nordeste, região Guajarina e Tocantina. As regionais têm contato com os líderes de cada comunidade e levantam esses dados”, explica Magno Cardoso, quilombola integrante da Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Pará “Malungu” e morador de comunidade da cidade de Moju, no Pará.

Resistir

Algumas comunidades buscam adotar barreiras sanitárias na tentativa de conter a proliferação do vírus, mas enfrentam dificuldade, já que algumas prefeituras proíbem o bloqueio de acesso aos quilombos. O avanço da doença nos territórios quilombolas, a falta de política pública e formas de organização de resistência são tema de debate promovido nesta terça-feira (7), via live do Conselho regional de Psicologia do Pará e Amapá (CRP-10).

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Professora Zélia Amador, presidente do Cedenpa, participa de debate sobre o avanço da pandemia nos quilombos — Foto: Paula Sampaio/O Liberal

Participam do debate Zélia Amador, professora emérita da Universidade Federal do Pará (UFPA), doutora em Antropologia, coordenadora da Assessoria de Diversidade e Inclusão Social da UFPA e co-fundadora do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa); Magno Nascimento, integrante das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Pará (Malungu), mestre em Sustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais (UNB); Samilly Valente, quilombola, psicóloga e educadora social, coordenadora do projeto Perpetuar – Identidades, ancestralidades e territorialidades quilombolas; e Givânia Silva, mestre em Políticas Públicas e Gestão da Educação (UNB) e doutoranda em Sociologia (UNB), professora substituta da UNB, integra a Associação de Pesquisadores Negros e Negras (ABPN), do Núcleo de Estudos Afro Brasileiros (Ceam/UNB/Brasil) e Geppherg/UNB, além de co-fundadora da CONAQ e membro do Conselho Diretor da Terra de Direitos.

Serviço

Debate “Quilombolas, saúde e pandemia”, nesta terça-feira, 7, às 20h, nas redes sociais do CRP-10

Por G1 PA — Belém

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