PMs atuavam como milícia para fazendeiros no Amazonas, diz MPF em relatório da Operação Ojuara

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Milícia agia no Sul do Amazonas a serviço de fazendeiros (Foto: Ibama/Divulgação)
MANAUS – Em troca de dinheiro, gado e carro, policiais militares do Amazonas expulsavam posseiros e extrativistas de terras públicas, faziam a segurança de trabalhadores e equipamentos usados para o desmatamento ilegal e cobravam os devedores dos seus patrões no ‘Arco do Desmatamento’, região Sul do estado, segundo relatório do MPF (Ministério Público Federal) ao qual o ATUAL teve acesso.

O ‘modus operandi’ dos milicianos da Amazônia compunha a engrenagem de organização criminosa descoberta pela Operação Ojuara que atuava nos estados do Amazonas e Acre, na qual, além dos PMs, pecuaristas e servidores públicos do Ibama garantiam a exploração predatória de recursos naturais em larga escala e em prejuízo a pequenos agricultores e coletores.

De acordo com o MPF, a organização criminosa atuava mediante o uso de violência, pagamentos de propina, lavratura de autos de infração em nome de ‘laranjas’ e realização de defesas administrativas pelos próprios servidores do Ibama sob o comando do superintendente Carlos Francisco Gadelha.

Entre os policiais militares denunciados estão Salomão Alencar Faria, Waldson Francisco da Silva, Jardey Monteiro de Oliveira e Antônio Ferreira Dantas, todos da PM do Amazonas. Conforme o MPF, eles prestavam serviços para os fazendeiros Sebastião Gardingo (o Tonzinho), José Lopes (o Zé Lopes) e Adamir Hosoda Monteiro.

Os milicianos foram presos em operação da Polícia Federal e MPF no dia 8 de maio do ano passado com outros quatro envolvidos. No dia 21 de janeiro deste ano, eles tiveram o pedido de revogação da prisão preventiva rejeitado pelo juiz Lincoln Viguini, da 7ª Vara Federal Ambiental do Amazonas e recorreram ao TRF1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), em Brasília.

De acordo com o Portal da Transparência, Salomão continua a receber o salário de R$ 13 mil, bem como os PMs Waldson (R$ 11 mil), Jardey (R$ 5,9 mil) e Antônio (R$ 7 mil). Segundo a SSP-AM (Secretaria de Segurança Pública), eles são investigados pela Corregedoria Geral por prestarem supostos serviços para fazendeiros e são alvo de outra investigação que segue em caráter sigiloso.

As investigações indicaram que o grupo de milicianos, comandado por Salomão Faria, teria prestado serviço de segurança privada e de “acobertamento de diversos ilícitos, no exercício das funções, dentre os quais desmatamentos e grilagens de terras, com recebimento de contrapartida financeira (dinheiro ou bem de valor equivalente)” entre 2014 e 2019.

Declarações de moradores da região colhidas pelo MPF confirmaram a existência da milícia, segundo o órgão de controle, que ameaçava extrativistas, expulsava pessoas e fazia a segurança de desmatamentos dos latifundiários, conforme o MPF. Na prestação dos serviços para os fazendeiros, o grupo usava armas e fardas da PM do Amazonas.

Ameaças

Conforme relato de uma testemunha na Operação Ojuara, em janeiro de 2018, o policial Salomão Faria, que fazia segurança para trabalhadores de Tonzinho, foi até sua casa e reuniu as pessoas que ali moravam para dizer que elas não deveriam andar na mata e quebrar castanha perto da área onde estava ocorrendo o desmate.

Em março daquele ano, a testemunha e o esposo dela foram recolher sacas de castanha que haviam deixado perto do local do desmate. Quando chegaram ao local, as sacas não estavam onde eles haviam deixado e o marido foi mais adiante para procurar, mas acabou sendo alvejado por um tiro de escopeta.

À Polícia Federal, o homem que foi alvo do disparo disse que o tiro pegou em cima da cabeça, no olho, na costela e no ombro e que foi atendido no pronto-socorro de Boca do Acre e, pela gravidade, foi transferido no mesmo dia para o pronto-socorro de Rio Branco.

Fonte:O Atual /Por Felipe Campinas, da Redação
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