‘Rei do Ouro’: PF investiga garimpo que movimentou mais de R$ 2 bilhões

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(Foto: Reprodução) – A Polícia Federal investiga um esquema de lavagem de dinheiro que envolve Dirceu Frederico Sobrinho, conhecido como ‘Rei do Ouro’ e ligado à exploração do garimpo ilegal em rios de Rondônia e Amazonas. A PF apura a movimentação de R$ 2 bilhões por uma de suas empresas, a FD Gold, entre janeiro de 2018 e setembro de 2019, com base em um relatório do Coaf anexado ao inquérito da Operação Aerogold.

A prisão temporária de Dirceu Sobrinho, em meados de setembro, ocorreu dentro do âmbito dessa investigação, que mira uma organização criminosa atuante na extração e comércio de ouro, retirado de rios de Rondônia e Amazonas. Além da FD Gold, outras empresas do ramo foram alvo da operação da PF, segundo apurou O GLOBO.

De acordo com a PF, os suspeitos tinham uma movimentação financeira incompatível com a renda e patrimônio declarados. Ao todo, 43 mandados de busca e apreensão e 18 de prisão, sendo 2 preventivas e 16 temporárias, foram emitidos pela Justiça Federal de Rondônia e cumpridos na Operação Aerogold, ocorrida no dia 19 de setembro. Segundo a PF, foi ordenado também o bloqueio de R$ 5,5 bilhões das contas dos investigados.

As investigações sobre o caso tiveram início em 2020, quando uma denúncia anônima alertou a PF de Rondônia para a chegada de um avião com carregamento de ouro ilegal, vindo do município de Japurá, na fronteira com a Colômbia, em Porto Velho. Três quilos do minério foram apreendidos, o equivalente a R$ 900 mil. Não há permissão para garimpo em Japurá.

Após a apreensão, a PF pediu a quebra do sigilo bancário e telefônico dos envolvidos no episódio, o que permitiu a identificação de movimentação financeira entre garimpeiros de Rondônia, Amazonas e Pará com compradores do minério em São Paulo.

O avião onde estava o ouro apreendido havia sido fretado por Tânia Sena, vice-presidente da Cooperativa de Garimpeiros da Amazônia (COOGAM), que aguardava a aterrissagem da aeronave no aeroporto de Porto Velho. Ela afirmou aos agentes que esperava a chegada de sua amiga, a garimpeira Valdeniza Souza Freire. Seu pai, Geomario Sena, havia feito o pedido para que o comandante do bimotor transportasse também o garimpeiro Marcos Ferreira de Senna, que levava na bagagem os três quilos de ouro.

O relatório do Coaf mostra que o principal remetente de transações bancárias a Valdeniza, entre 2016 e 2021, foi a FD Gold, em valores de R$ 5 milhões. Segundo o relatório, a renda mensal do casal é de R$ 16 mil. Entre outubro de 2018 e fevereiro de 2021, a FD Gold pagou também R$ 600 mil a Tânia Sena.

‘Mete o pé que os federais estão aí’

Outro ponto de contato entre a FD Gold e o esquema é o destinatário do carregamento de ouro, Oreste Machado, o Goiano. De acordo com a PF, ele usou contas de parentes para pagar a passagem de Marcos de Senna no voo. Goiano também teria ligado para o garimpeiro e o alertado para não aterrissar: ‘Mete o pé que os federais estão aí’. Foi detectada movimentação financeira entre o grupo de Oreste e Ubiraci Soares Silva, ex-prefeito Nova Progresso (PA), que, além de sócio de empresas que trabalham no comércio de metais preciosos, é procurador da FD Gold na região.

Uma das possibilidades investigadas pelas autoridades é a de que Oreste Machado fosse o responsável por fazer a ponte entre as cooperativas e a FD Gold e outras empresas de São Paulo.

Outro indício de ligação da FD Gold com a produção de garimpos ilegais está em relatório da Agência Nacional de Mineração, anexado ao inquérito. Nele, a ANM relata uma vistoria em uma aérea do rio Jutaí onde deveria estar ocorrendo garimpo legal, segundo permissões concedidas pelo poder público para a Cooperativa de Garimpeiros da Amazônia. Nenhuma draga operante foi encontrada no local.

A FD Gold declarou ser a compradora do ouro produzido pela cooperativa. Apesar não ser possível apontar o percentual deste minério que teria sido produzido em Jutaí, a ANM levanta a suspeita que as permissões de garimpo na área estariam sendo usadas para ‘esquentar’ ouro retirado de outros locais, como o Rio Madeira.

A reportagem entrou em contato com os citados, mas não teve resposta. O espaço segue aberto.
Fonte:O Globo
Por:Jornal Folha do Progresso em 05/10/2022/07:05:53

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