O que acontece em Altamira, cidade que mais desmata no Brasil e tem mais boi que gente

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Pecuária é apontada por especialistas como principal causa do desmatamento em Altamira — Foto: TV Liberal/Reprodução

Cidade tem maiores índices de desmatamento da Amazônia e sofre com a pressão da pecuária.

Altamira, no Pará, tem a maior área desmatada da Amazônia no país. A cidade é a com a maior extensão territorial do país, mas sua população de gado é maior que a de pessoas. A produção irregular vem sendo um desafio para a cidade, que há anos lidera o ranking de desmatamento.

Em 2019, com as florestas derrubadas, a cidade emitiu mais que o dobro de gases do efeito estufa que a cidade de São Paulo — um centro urbano com a população milhares de vezes maior que o município paraense. Veja:

São Paulo: 12 milhões de habitantes, emitiu 16,6 milhões de toneladas de CO₂.
Altamira: 126 mil habitantes, 35,2 milhões de toneladas de CO₂

Para se ter uma noção da dimensão: é como se cada morador fosse responsável por 500 carros rodando por dia — o que é impossível pela quantidade de moradores. Na verdade, 95% dos gases emitidos foram do desmatamento.

Mas como Altamira chegou a essa situação?

O problema começou lá atrás, na década de 70, com a construção da Transamazônica. Em 1972, o então presidente Médici inaugurou a rodovia bem perto de Altamira, prometendo desenvolvimento e ocupação da floresta.

No entanto, o resultado foi de décadas de desmatamento descontrolado, pecuária extensiva e ocupação sem planejamento ambiental.

Nos anos 2000, outro megaprojeto também afetou a região: a Usina de Belo Monte com mais impactos, desmatamento indireto e pressão sobre a floresta.

Desmatamento para pecuária

Os números do desmatamento em Altamira são puxados, principalmente, pela pecuária. Inclusive, é uma das cidades amazônicas onde a população de bovinos é maior que a quantidade de pessoas.

“O desmatamento na região é prioritariamente para a pecuária. A gente tem os pastos ocupando grande parte aí da área que não é floresta, da área desmatada”, detalha Ane Alencar, diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

O avanço do gado, além de contribuir para o desmatamento na região, também contribui para o aquecimento global pela emissão de metano, gás mais nocivo que o CO2 para o clima e que vêm, principalmente, da pecuária bovina.

Grilagem

Além disso, o município sofre com a grilagem e especulação imobiliária. Com a economia baseada na pecuária, pessoas invadem áreas na flores e vendem para a produção de gado ilegal.

“A gente também sabe que ali na região de Castelo dos Sonhos (distrito de Altamira) tem também muita invasão de terras, tem grilagem de terras. E as pessoas, para grilarem a terra e demonstrarem que aquela terra tem um dono, a primeira coisa que elas fazem é desmatar”, afirma a especialista

Nesses terrenos, a principal técnica de invasão e “limpeza” são as queimadas. Isso aumenta ainda mais a proporção das emissões.

Desafios

Em 2023, Altamira conseguiu reduzir o desmatamento. Isso aconteceu depois que o governo ampliou a fiscalização na região.

Esse é justamente um dos desafios de Altamira: por ser um município de grandes dimensões, é preciso uma força-tarefa para impedir o crime ambiental.

“De fato é o município que mais desmata, mas ele também foi o município que mais reduziu o desmatamento. Assim como o Pará: é o estado que mais desmata, mas foi o que mais reduziu o desmatamento nos últimos anos”, afirma Ane.

Outra ação que vem sendo realizada como tentativa de também frear o desmatamento para pecuária é o rastreamento de boi com chip para saber se a carne é proveniente de área livre de desmatamento.

Há também iniciativas com crédito de carbono. Atualmente, existem projetos que querem recuperar áreas desmatadas na região. O projeto mais recente é o do leilão para recuperação da área da Unidade de Recuperação Triunfo do Xingu. O modelo é inédito no Brasil e um projeto piloto.

A proposta do governo é ter investimento de R$ 258 milhões que vão poder gerar R$ 1,2 bilhão em créditos de carbono.

E é aí que entra a COP 30

Belém não foi escolhida por acaso para sediar a conferência climática mais importante do mundo. A Amazônia não é importante só para os brasileiros – ela regula o clima do planeta inteiro.

O Pará quer mostrar que é possível ter desenvolvimento com a floresta em pé.

Por isso, a COP 30 no Brasil é tão estratégica: é a chance de o país tentar liderar pelo exemplo, mostrando e iniciativas, como as que tem ocorrido em Altamira, para frear o desmatamento.

 

Fonte: G1 Pará — Belém e Publicado Por: Jornal Folha do Progresso em 17/10/2025/15:33:12

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